Ao longo da minha carreira corporativa, passei por momentos que marcaram minha vida de forma muito significativa.
Hoje, quando olho para trás, vejo que foram essas experiências que moldaram meu eu profissional e me ajudaram a ultrapassar os obstáculos que surgiram pelo caminho.
Foram 30 anos.
Três décadas prestando serviço.
Três décadas de minha vida dedicando meus talentos à corporações que, ora valorizavam isso, ora não.
Algumas lições valiosas aprendi nessa trajetória.
Mas, com certeza, a maior de todas foi aprender que crachá não é RG.
Não importa o quanto você se dedique para uma empresa.
Não importa a quantidade de trabalho que você leva para casa.
Não importa o número de horas trabalhadas a mais simplesmente por amor à camiseta.
Nada disso importa quando os números se impõem.
E não estou dizendo que há algo de errado nisso.
Estou apenas relatando algo que constatei e que todos, invariavelmente todos os profissionais deveriam dar-se conta.
O que temos com nossos empregadores é, foi e sempre será uma relação comercial.
Não importa o quanto você seja amigo do chefe.
Não importa se você é o colega amigão de todo mundo.
Se a empresa tiver que lhe desligar ela o fará.
Às vezes com aviso prévio, às vezes sem.
E a recíproca pode (e deve) ser verdadeira.
Como profissional você deve ter a exata noção do seu valor.
Se surgir uma oportunidade melhor, você sairá da empresa.
Se entender que chegou em um patamar que não lhe permite o crescimento que almeja, você sairá da empresa. Na verdade, deve fazê-lo.
Se engana quem ainda pensa que entrar em uma grande corporação é sinônimo de aposentadoria garantida ali na frente.
Se engana quem ainda atribui à carga horária trabalhada um valor maior do que os momentos de lazer.
Se engana quem ainda pensa que o sacrifício de não ver a apresentação na escola do filho será recompensado por um bônus generoso no final do ano.
O tempo não para.
E não volta.
Trabalhe, se dedique, se esforce.
Mas nunca, nunca mesmo perca de vista o que realmente importa.
E o que importa realmente é sua vida por inteiro, suas relações perenes, seus laços de sentimentos verdadeiros.
Sua trajetória profissional é isso: uma trajetória.
Um meio, não um fim.
No início de minha carreira, eu, como tantos outros, também cometi o erro de atribuir ao meu trabalho um peso maior do que minha vida em família.
Felizmente, Deus me abriu os olhos e me permitiu ver a verdade.
Quando me dei conta de quem eu era de verdade tudo ficou mais fácil.
Quando finalmente percebi que minha vida de verdade só começava ao entardecer, no momento em que eu cruzava um pequeno portão de madeira branco que me levava ao encontro de meus filhos, as coisas começaram a fazer sentido.
Afinal eu havia percebido que o(s) crachá(s) que eu estava usando e os que ainda usaria não simbolizavam quem eu era, mas sim quem eu estava.
Eu estava assistente, eu estava coordenadora, eu estava gerente.
Mas eu era a profissional, eu era a mãe, eu era a esposa, eu era a irmã, a filha e a amiga.
Quem eu estava podia ser transitório.
Quem eu era, não.
No momento em que nos damos conta de que, definitivamente, crachá não é RG, nos tornamos melhores pessoas e consequentemente melhores profissionais, pois conseguimos, enfim, dar a cada coisa seu devido tamanho em nossas vidas.
Desejo, sinceramente, que todos se deem conta do onde estão e, o mais importante, de quem realmente são.
Texto escrito pela B2Mana Cleuza Souza, 53 anos, gaúcha, administradora, mãe orgulhosa de 03, 30 anos de atuação em cargos de liderança em empresas nacionais e multinacionais, Empreendedora desde criancinha. Founder e CEO na VirtuALL HRpartner Head do Projeto Pérola.
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