Desde antes da crise econômica do mercado e das primeiras discussões sobre o fim do trabalho formal com carteira assinada, temos presenciado uma enxurrada de mulheres na faixa dos 30 ou 40 anos super qualificadas, abandonando o mundo corporativo das multinacionais e lançando-se ao empreendedorismo materno.
Tudo isso acontece ao mesmo tempo em que ganham espaço as discussões: de gênero, do equilíbrio de responsabilidades sobre a criação e cuidado dos filhos e da busca por mais direitos e reconhecimento das mulheres no mercado de trabalho.
Em eventos voltados para empreendedoras, ouvir ex-executivas narrando suas jornadas cheias de coincidências e com lágrimas nos olhos é uma certeza.
E durante o horário do almoço, nos restaurantes e praças de alimentação dos shoppings, é bem comum presenciar mães executivas ainda na ativa, chorando ao confidenciar seus dilemas e o preço de suas escolhas.
Uma parte deste choro vem da nova consciência que a maternidade trouxe para estas mulheres sobre o mundo e a vida. E outra parte vem da dor de ter que transformar ou romper com o que as definia até aquele momento.
Vamos pensar sobre este segundo ponto:
Estas executivas e ex-executivas foram definidas em grande parte (nos últimos 10 ou 20 anos que antecederam a maternidade) pelos grandes desafios que superavam em suas carreiras, pela capacidade de liderança que exerciam, pelos diplomas que conquistaram, pelas metas e resultados que atingiam, pela admiração que atraiam, pelas suas rotinas atribuladas de aeroportos, congressos e treinamentos, e até mesmo pelo seu dress code.
Era uma vida cheia de certezas, que de repente são substituídas por dúvidas. Mas, as empresas não podem esperar por mais de 6 meses para estas mulheres reverem suas certezas e reacomodarem suas prioridades.
Estas mulheres pertencem a uma geração que está no meio do caminho entre a conquista do controle absoluto sobre sua vida e carreira e a herança social e cultural da responsabilidade sobre sua família e rotina doméstica, ainda que conte com uma rede de apoio. No modelo ainda predominante de criação e educação dos filhos, é comum ouvir que as mães dão as raízes e os pais dão as asas.
Enquanto a sociedade caminha aos poucos para uma solução mais equilibrada, vários são os dilemas destas executivas sobre a carreira. E várias são as soluções. Não há certo nem errado. Há escolhas e preços a serem pagos.
Então, se você tem uma história parecida com esta, e acha que empreender é a sua solução, leve isso a sério, muito a sério, porque:
1.É solitário;
2.É arriscado;
3.Não tem o glamour que você pode estar esperando;
4.Custa tempo e dinheiro;
5.Você pode ter se iludido e escolhido um negócio que se revele pouco lucrativo.
6.E nem sempre vai te dar a flexibilidade que você procurava. Na verdade, vai fazer com que trabalho e vida pessoal se fundam de uma maneira que você jamais tinha imaginado.
Pode ser que seja só uma passagem, que seu projeto não resista às novas fases dos seus filhos; pode ser que você se torne uma empreendedora de sucesso; pode ser que você retorne ao mercado das multinacionais. Mas, a verdade é que você nunca mais será a mesma depois de ter vivido o empreendedorismo materno.
Esse texto foi um presente corajoso da B2Mana:
Lucianne Branquinho
Admnistradora, amiga de várias mães executivas e várias mães empreendedoras.
@beonday